• Pelo Estado entrevista Roberta Maas, presidente do Senge-SC

    “Nosso Sistema nunca teve uma mulher na presidência, o que reforça a necessidade de mudanças estruturais”.

Pelo Estado entrevista Roberta Maas, presidente do Senge-SC 4d2e1c

31 Mar, 2025 13:28:35 - Entrevista

Florianópolis (SC)

A engenheira civil, sanitarista e ambiental,  especialista em segurança do trabalho, Roberta Maas dos Anjos, primeira mulher a presidir o Sindicato dos Engenheiros no Estado de Santa Catarina(Senge-SC), tem se destacado na luta pela representatividade feminina na engenharia e pela valorização da profissão. À frente do Senge-SC, Roberta tem fortalecido o "ecossistema de engenharia", promovendo a integração entre academia, setor produtivo, órgãos governamentais e entidades de classe.

Especialista em engenharia para o saneamento básico, Roberta tem se dedicado a desenvolver soluções para os desafios do setor, como a falta de planejamento e investimentos. Acredita que a engenharia é essencial para otimizar recursos, melhorar a infraestrutura e ampliar o o ao saneamento.

A gestão de cemitérios é um dos temas que Roberta acompanha de perto desde seu Trabalho de Conclusão de Curso em 2003. Para ela, a engenharia sanitária desempenha um importante papel na istração desses espaços, contribuindo para a prevenção de impactos ambientais irreversíveis.

Sob sua gestão, o Senge-SC é signatário dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), promovendo práticas sustentáveis e incentivando que projetos de engenharia estejam alinhados aos objetivos da ONU e à Agenda 2030.

 

Roberta, que também é diretora financeira da Mútua, a Caixa de Assistência dos Profissionais do CREA, concedeu esta entrevista para a Coluna pelo Estado:

Pelo Estado - Como sua eleição como primeira mulher a presidir o Senge-SC simboliza o avanço da presença feminina na engenharia? Quais mudanças ainda são necessárias para ampliar essa representatividade?

Roberta Maas - Minha eleição é um marco importante, refletindo os avanços na participação feminina na engenharia. No entanto, ainda enfrentamos desafios significativos. Para ampliar a representatividade feminina, é fundamental implementar políticas de inclusão, fomentar o incentivo à formação técnica e garantir que mais mulheres ocupem cargos de decisão. Nosso Sistema, com mais de 90 anos de história, nunca teve uma mulher como presidente, o que reforça a necessidade de mudanças estruturais.

PE - Historicamente, a engenharia tem sido um setor predominantemente masculino. Quais desafios você enfrentou como mulher em cargos de liderança? E que conselho daria às engenheiras que desejam ampliar sua presença no mercado e alcançar posições de destaque?

RM - Os maiores desafios envolveram superar barreiras culturais e demonstrar competência constantemente. Meu conselho para as engenheiras é investir em qualificação contínua, construir uma rede sólida de contatos e manter a firmeza na liderança. Acredite em seu potencial e tenha perseverança para conquistar o reconhecimento que você merece.

PE - A valorização profissional dos engenheiros é um tema central na sua atuação. Quais estratégias o Senge-SC tem adotado para fortalecer a remuneração e as condições de trabalho da categoria?

RM - O SENGE-SC é um ecossistema de engenharia que conecta atores importantes no setor, respeitando as empresas e promovendo equilíbrio nas relações de trabalho. Atua na valorização dos engenheiros por meio de negociações salariais, fiscalização do salário mínimo profissional e participação em debates legislativos. Além disso, investe na capacitação contínua, incentiva a inovação e a sustentabilidade, oferece benefícios e assistência jurídica, garantindo melhores condições de trabalho e reconhecimento da engenharia.

PE - Recentemente, a senhora assumiu a Diretoria de Relações Institucionais da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE). Como essa nova função poderá beneficiar os engenheiros de Santa Catarina? Quais são suas principais metas neste cargo?

RM - A minha função na FNE visa aproximar o setor público e privado, fortalecer a regulamentação da profissão e ampliar as oportunidades para os engenheiros catarinenses no cenário nacional. Meu objetivo é sugerir ações bem-sucedidas que já estão sendo implementadas em Santa Catarina e que podem beneficiar outros estados.

PE - O Senge-SC tem participado ativamente de debates sobre inovação na engenharia. A senhora costuma utilizar o termo “ecossistema de engenharia” para descrever a importância da colaboração entre diferentes setores. Como essa abordagem tem impulsionado soluções eficazes para os profissionais do Sistema Confea/Crea?

RM - O conceito de ecossistema de engenharia reflete a colaboração entre diferentes setores — acadêmico, empresarial, governamental e entidades de classe — para impulsionar a inovação e valorizar a profissão. No Senge-SC, temos fomentado essa interação por meio de eventos, debates e parcerias estratégicas, conectando profissionais, startups, universidades e o setor público. Isso fortalece a troca de conhecimento, acelera a implementação de novas tecnologias e cria um ambiente favorável à inovação, evidenciando a engenharia como um pilar essencial para o desenvolvimento de Santa Catarina e do Brasil.

PE - Durante sua gestão como presidente da CASAN, a senhora esteve à frente de projetos estratégicos em saneamento. Quais são os principais entraves para a universalização do saneamento básico em Santa Catarina e como a engenharia pode contribuir para acelerar esse processo?

RM - Ao longo da história, o saneamento foi negligenciado, resultando em problemas como a escassez de investimentos e a dificuldade no licenciamento ambiental. Além disso, a aceitação da população ainda é um entrave, pois muitos resistem a projetos na área devido à falta de conscientização sobre sua importância. As companhias de saneamento não devem ser vistas como vilãs, mas como aliadas, oferecendo serviços fundamentais para a saúde pública e a qualidade de vida. A engenharia, com sua expertise técnica, tem um papel determinante na otimização de recursos, no aprimoramento da infraestrutura e na ampliação do o ao saneamento básico.

PE -  O Novo Marco Legal do Saneamento estabeleceu metas ambiciosas para ampliar o o à água e ao esgoto tratado. Como a senhora avalia os avanços em Santa Catarina e quais desafios ainda precisam ser superados?

RM - Embora Santa Catarina tenha avançado no saneamento básico, ainda existem desafios significativos, especialmente no o ao tratamento de esgoto. Além disso, muitos municípios têm planos de saneamento desatualizados. Para reverter esse quadro, é vital aumentar os investimentos, intensificar a fiscalização e implementar políticas públicas eficazes. A engenharia pode contribuir com soluções técnicas inovadoras e projetos eficientes, otimizando recursos e melhorando a infraestrutura. A CASAN, juntamente com seus engenheiros, tem sido fundamental nesse processo e merece reconhecimento.

PE -  Santa Catarina possui um alto índice de áreas de risco sujeitas a enchentes e deslizamentos. Como a engenharia pode contribuir para mitigar os impactos desses eventos sobre o saneamento e a qualidade da água?

RM - A engenharia pode desempenhar um papel determinante na mitigação dos impactos das enchentes e deslizamentos por meio de um planejamento urbano eficiente e da construção de infraestrutura resiliente. Além disso, é fundamental adotar uma gestão territorial integrada que considere o uso adequado do solo, a proteção de áreas de risco e o controle de enchentes. A implementação de políticas públicas focadas na gestão integrada do território, aliada ao monitoramento de riscos e a soluções técnicas inovadoras, pode reduzir danos, garantir a segurança hídrica e minimizar os impactos sobre a qualidade da água. Nesse contexto, a engenharia oferece diversas oportunidades, como o uso de tecnologias avançadas para monitoramento em tempo real (sensores de umidade, geotecnologias, sistemas de alerta precoce) e modelos preditivos que permitem antecipar desastres, facilitando ações preventivas e mitigadoras.

PE - Em recente artigo, a senhora abordou os desafios enfrentados na gestão de cemitérios municipais, como superlotação, contaminação do solo e falta de regulamentação ambiental. Que soluções a engenharia sanitária e ambiental pode oferecer para tornar esses espaços mais sustentáveis?

RM - A engenharia sanitária e ambiental pode tornar os cemitérios mais sustentáveis ao adotar práticas que minimizem os impactos ambientais. Isso inclui o sepultamento vertical, sistemas eficientes de gestão de resíduos, como compostagem controlada, e estratégias para otimizar o uso do espaço, prevenindo a superlotação. Alinhar essas soluções às regulamentações ambientais é fundamental para garantir a sustentabilidade desses espaços, protegendo o meio ambiente e promovendo a saúde pública.

PE - O Senge-SC é signatário dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Quais ações concretas o sindicato tem desenvolvido para contribuir com esses objetivos na engenharia?

RM - O SENGE-SC tem promovido a inovação por meio de parcerias estratégicas com instituições acadêmicas e empresas, além de incentivar a adoção de práticas sustentáveis em projetos de engenharia. As ações incluem a promoção de eventos sobre novas tecnologias, como BIM, e soluções baseadas em energias renováveis e eficiência energética. Essas iniciativas têm um impacto significativo nas futuras gerações de engenheiros, preparando-os para enfrentar os desafios ambientais e sociais do futuro, além de promover a ética e a responsabilidade profissional em suas carreiras.

PELO ESTADO

REDAÇÃO JINEWS
Postado por REDAÇÃO JINEWS 6o423r

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